quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

A Palavra no Artista (A Silvio Hansen)

A escrita quase não-lhe interessa.
É como rumor de tarde ante o gozo
de tinta estendida sobre o leito da tela à noite
entre uma cerveja holandesa e um gato azul
que se vai tomando forma ao lado
de orquídeas e musgos vocábulos
infiltrados a dedo, e fluxos contínuos.

A escrita quase não-lhe comove.
Consumiria-o não fosse etílica lua
a guiá-lo por ruas bêbadas, enquanto uiva
divaga, grita ou incendeia as menstruações
de Penélope tecendo rendas por honra
de Ulisses (ou Joyce), em gesta de poemas
derramados de sua fronte, sobre ávida página

Um comentário:

  1. Rogério, é gigantesco este poema!...principalmente o verso"entre uma cerveja holandesa e um gato azul"...estão de parabéns:você e Sílvio.Com certeza, é um dos seus melhores poemas!

    poeta josé terra

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