sábado, 18 de dezembro de 2010

na noite de minha glória invoquei derrotas
que a golpear vieram quase à porta do templo
onde meu corpo sem peso liberto cuspia alfândega
de luzes saídas de cada cicatriz aberta ainda
e vi em ronda o que não tive
o que perdi (o quê mantive?), e o que nunca saberei
a mãe veio, o pai olhou-me
o amor, possivelmente também, quis chegar-se a mim
mas ele teve outros compromissos que não eu

em verdade, estava eu só, com as dezenas de pares de olhos
reconhecidos, olhando-me a aparente (inglória) lucidez

ó quantas dores sentia eu na extremidade dos membros
doía-me hérnia e alma, mas estava eu calmo
como um paciente terminal doente de vida
[sim]
a obra existe e a ficção da vida se esvai