terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Arquitetura do Sono

No meu sono o limpo
e o sujo dormem a mesma angústia
de silêncio estacionado na memória.
Inútil seria ofertar-me um cálice de vinho
ou transfusão sanguinea: minha edição original
é poligrafia de pedra.

Em mim a sarça não arde
e o deserto fríissimo queima
as asas do pássaro, enquanto inocula
de amianto o peito de homem.

No meu sono
lúcifer despediu-se desalento
e Deus vigia que eu não salte
do parapeito do mais alto edifício

No meu sono
prometi os campos do céu:
as coisas longinquas não comovem
as musas da tarde; tocando nelas
demoradamente, ofertam-se rosas, prosa...
mas o poema na região do sono

talvez não se liberte entre o abrir de olhos
e escovar de dentes.
-- E outra vez o silêncio
estacionado na memória.

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