sexta-feira, 19 de março de 2010

Sobre as limitações do Poeta, a Musa e suas transparências - rogério generoso

sim, é preciso dançar; tu me lembras com teu agudo rodopio
tornando vento o ar sem peso e calmo de tardes amenas
sim, é preciso voar; assim como tuas asas agitadas acordando
anjos de ouro tecidos, intimidados com tuas transparências
sim, é preciso o amor; aquele que distribuis ao teu irmão
ao teu amigo e teu amante; sem nódoas e limpo e sem esperas

como poeta, meu verso culmina em apascentar estrelas
nos campos laranja e tornar jardim os lamaçais e pântanos
e simulacro tudo que envide a velha infância e cegueira
como poeta meu verso termina quando inicias a manhã
e meu silêncio ameniza as limitações semânticas
quando estais do outro lado da tarde e não te alcança
senão a lembrança da memória viva que tenho

rios cubram várzeas, evolem águas
deuses possuam virgens e feneçam
mundos expludam e renasçam olvidados
e cresça o amor e morra o poeta que nada sabe
do que alardeia, se ele uiva à noite sem musa
acompanhado de vinho e absinto: e viva
o que seja sem nódoas, limpo e sem esperas

2 comentários:

  1. Muito bom, Rogério. De uma beleza e um lirismo tocantes.
    Abraço e bom fim de semana.

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  2. Lindo. Estou sem palavras. Um poema que revela a beleza em múltiplas formas. A beleza que há em ti, em mim, em todos.


    Bjs,


    Vanessa Sueidy

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